terça-feira, 13 de abril de 2010

Pobre ou Rico?

Um dia, um pai, grande empresário, de família muitíssimo rica, levou seu filho de seis anos para viajar até um lugarejo, com o firme propósito de mostrar ao menino como é que pessoas tão pobres podem viver em um mundo onde só ricos e poderosos têm vez e voz.
Passaram dois dias e duas noites no sítio de uma família muito pobrezinha... Quando retornaram da viagem, o pai perguntou ao filho:
_ E aí, filhão, como foi a viagem para você?
_ Muita boa papai - respondeu o pequeno.
_ Você viu, filho, como as pessoas pobres podem ser?
_ Sim, pai - retrucou o filho, pensativamente.
_ E o que você aprendeu, com tudo o que viu nesses dias, naquele lugar tão pobre?
O menino respondeu:
_ É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa; eles têm quatro.
Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim; eles têm um riacho que não tem fim.
Nós temos uma varanda coberta e iluminada com florescentes; eles têm as estrelas e a lua no céu.
Nosso quintal vai até o protão de entrada; eles têm uma floresta inteira.
Nós temos alguns canários que, por cima de tudo, vivem presos em uma gaiola; eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas.
_ Nossa comida é toda industrializada e a maioria das vezes congelada; a deles e pescada no riacho, colhida na horta ou pegada no terreiro; enfim papai, a alimentação deles é saudável, enquanto a nossa, não.
E além do mais papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição; nós, aqui em casa, sentamo-nos à mesa falando de etiquetas, negócios, cotação do dólar, eventos sociais, comemos, empurramos o prato e pronto!
_ No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto ele se ajoelhou e orou agradecendo a Deus, tudo, inclusive a nossa visita à casa deles; nós, aqui em casa, vamos para o quarto, deitamos, vemos televisão e dormimos.
Outra coisa, papai, dormir na rede do Tonho, enquanto ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós, enquanto aqui na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquale quarto onde guardamos entulhos, coitada, sem nenhum conforto, ao passo que temos camas macias e cheirosas sobrando. Mas fazer o que não é pai, se elas são só para aqueles hóspedes chatos e gananciosos que sempre vêm nos visitar?
À medida que o pequeno garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça, envergonhado.
E o filho, na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:
_ Obrigado, papai, por me haver mostrado o quanot "pobres e mesquinhos" nós somos!

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